O Monumento de Zumbi dos Palmares, localizado na Avenida Princesa Isabel, em Itabuna, foi alvo de vandalismo e descaso, gerando forte indignação de movimentos sociais e culturais da cidade. A denúncia foi feita pela ONG Grapiúna e pelo Movimento Beleza Negra Itabuna, que lamentam o estado de abandono e a falta de preservação do espaço, especialmente em um período simbólico: o mês de maio, que marca o dia 13 de maio (abolição da escravidão) e o Dia da África, celebrado em 25 de maio.

Segundo Walmir do Carmo, ambientalista e fundador do Movimento, o monumento carece de revitalização. “O monumento precisa de pintura, iluminação cênica e uma proteção em volta, porque quando tem o Ita Pedro, as pessoas sobem nele para ver o palco. Tudo isso dará visibilidade e agregará na cultura da cidade”, afirma.

Além da conservação do monumento, Walmir também chama atenção para a necessidade de respeito ao meio ambiente no entorno da estrutura. “É preciso lembrar de não cortar as árvores que já estão lá crescidas, porque quando chega a época de Ita Pedro, eles sempre cortam tudo. Isso precisa mudar.”

O alerta vem um ano após a realização da tradicional Lavagem Cultural do Monumento de Zumbi, que ocorreu em 2024. O evento celebra cultura e a resistência do povo negro e contou com apresentações do grupo cultural liderado pelo babalorixá Pai Gildo e suas baianas estilizadas. A celebração reforça a importância do espaço como local de memória, identidade e afirmação da negritude.

Um marco importante nesta edição foi a inclusão do Monumento de Zumbi dos Palmares no Google Maps, reconhecendo oficialmente o local como ponto turístico da cidade e ampliando seu alcance na cultura digital.

Para os movimentos sociais, no entanto, as promessas precisam se transformar em ações concretas. “Não adianta apenas celebrar se o monumento permanece vulnerável e malcuidado. Zumbi representa resistência, dignidade e luta. É preciso que o poder público e a sociedade se comprometam com a preservação de sua memória”, reforçam os organizadores da Lavagem Cultural.

Infelizmente, este ano a Lavagem não acontecerá por falta de estrutura, mas a expectativa é que a repercussão da denúncia sirva como ponto de partida para políticas efetivas de valorização do patrimônio histórico em Itabuna.