Cem dias não fazem um governo, mas dizem muito sobre como ele pretende seguir. E no caso do segundo mandato de Augusto Castro (PSD), reeleito em 2024 com ampla vantagem, os sinais emitidos nesse primeiro trimestre de gestão soam como alerta.

A primeira administração, que começou em 2021 sob o peso da pandemia e enchente, teve respostas rápidas na saúde, investimentos em infraestrutura e um discurso de reconstrução. Augusto colheu frutos desse desempenho em forma de votos. Mas, agora, em um novo mandato e com cenário menos turbulento, o ritmo parece ter desacelerado.

Itabuna vive hoje um contraste. De um lado, uma cidade que este ano viu a ampliação do Hospital de Base, inauguração de reservatório e entrega de novas praças.

De outro, o cotidiano duro de famílias que vivem nos bairros mais afastados: ruas esburacadas, feiras sucateadas, escolas com estrutura comprometida e um problema crônico de abastecimento de água que mesmo com o Projeto Mais Água ainda desafia a EMASA.

Este ano, cinco protestos foram registrados. Desabafos de quem cansou de esperar. Moradores de bairros como Nova Itabuna, Maria Pinheiro e Rua de Palha colocaram o pé na rua e atearam fogo em pneus cobrando o básico: moradia prometida, manutenção nas ruas e água na torneira.

Claro, nem tudo é ponto negativo. A gestão entregou a nova Praça Berilo Guimarães, e renovou compromissos com o um projeto desenvolvimento urbano. Mas a impressão que fica é a de que a engrenagem emperrou.

E talvez esteja aí o grande desafio: reconectar-se com o sentimento popular. A cidade exige manutenção, diálogo e presença. A reeleição deu fôlego político, mas a cobrança vem proporcional ao tamanho da expectativa criada.

Felizmente, cem dias é só o primeiro capítulo. E 2026, ano de eleições gerais, já aparece no horizonte. O prefeito, que não esconde planos de alçar voos mais altos, tem a chance de retomar o pulso da gestão e mostrar que seu segundo mandato não será apenas uma sombra do primeiro.